Caminho Percorrido pela Luz

Pretende-se agora traçar o caminho percorrido pela luz na sua ida de um ponto p1 (no ambiente 1) a um ponto p2 (no ambiente 2), havendo entre eles uma interface planar. Sem perda de generalidade e de forma a facilitar os cálculos, pode-se calcular a solução para $ \mathbb {R}$2, sendo trivialmente generalizável para $ \mathbb {R}$3 por meio de uma simples mudança de coordenadas antes, e a respectiva inversa após os cálculos que se seguem. Da mesma forma, assume-se que o interface se encontra no plano y = 0 (uma vez mais faz-se notar que estamos em $ \mathbb {R}$2) e o ponto p1 tem abcissa nula. Ver figura C.1.

Figura: Representação de um raio de luz cujo caminho é alterado pela existência de um interface. para simplificar assume-se que a interface está no plano y = 0 e p1 tem abcissa nula.
\begin{figure}\center
\input{interseccao_interface.pstex_t}\end{figure}
Assim,

$\displaystyle \phi_{1}^{}$ = arctan$\displaystyle \left(\vphantom{\frac{b}{a}}\right.$$\displaystyle {\frac{{b}}{{a}}}$$\displaystyle \left.\vphantom{\frac{b}{a}}\right)$    
$\displaystyle \phi_{2}^{}$ = arctan$\displaystyle \left(\vphantom{\frac{c-b}{d}}\right.$$\displaystyle {\frac{{c-b}}{{d}}}$$\displaystyle \left.\vphantom{\frac{c-b}{d}}\right)$    

Aplicando as expressões 4.1.1 e 4.1.2 obtém-se

k1$\displaystyle {\frac{{\frac{b}{a}}}{{\sqrt{1+\left(\frac{b}{a}\right)^2}}}}$ = k2$\displaystyle {\frac{{\frac{c-b}{d}}}{{\sqrt{1+\left(\frac{c-b}{d}\right)^2}}}}$

que pode ser reescrito como um polinómio de quarto grau, sendo a solução que se procura uma das raízes deste:

(k12 - k22)b4 -2c(k12 - k22)b3 + $\displaystyle \left(\vphantom{k_1^2 d^2-k_2^2 a^2 +(k_1^2-k_2^2)c^2}\right.$k12d2 - k22a2 + (k12 - k22)c2$\displaystyle \left.\vphantom{k_1^2 d^2-k_2^2 a^2 +(k_1^2-k_2^2)c^2}\right)$b2 +2k22ca2b - k22c2a2 = 0

Apesar de não servir de prova, testes numéricos indicam que existe apenas uma raiz real compreendida no intervalo [0, c]. Embora exista uma solução em forma fechada para as raízes de polinómios de quarta ordem, é bastante mais simples calculá-las usando métodos iterativos. Uma implementação usando o método de Newton (adaptado a polinómios como descrito em [17], também conhecido por método de Bierge-Vieta) foi testada, gerando cerca de 10 dígitos significativos em 4 ou 5 iterações. A estimativa inicial é fornecida pela aproximação de Taylor de primeira ordem mencionada na secção 4.1.2C.1:

p1 + t1v1 + t2$\displaystyle \underbrace{{\left [\begin{array}{ccccccc}kv_1^x \\  v_1^y\end{array}\right ]}}_{{\mathbf{v_2}}}^{}\,$ = p2

incluindo a restrição

p1y + t1v1y = 0

conclui-se que uma possível solução ( v1 está definido a menos de um factor de escala) é

v1 = $\displaystyle \left[\vphantom{\begin{array}{ccccccc}p_1^x-p_2^x\\  p_1^y-kp_2^y\end{array}}\right.$$\displaystyle \begin{array}{ccccccc}p_1^x-p_2^x\\  p_1^y-kp_2^y\end{array}$$\displaystyle \left.\vphantom{\begin{array}{ccccccc}p_1^x-p_2^x\\  p_1^y-kp_2^y\end{array}}\right]$

e assim a estimativa inicial vem dada por

b0 = p1x - p1y$\displaystyle {\frac{{p_1^x-p_2^x}}{{p_1^y-Kp_2^y}}}$ = $\displaystyle {\frac{{ac}}{{a-kd}}}$


Ricardo 2004-11-06