Estimação da Superfície da Interface

Pretende-se nesta secção estimar a superfcie da interface, onde se assume que a superfície é função de x e y. Como se observa na figura 4.2.1, mesmo que se tenha disponível a correspondência de pontos na câmara (fixando v1) com pontos p2 no cenário, não é possivel obter os parâmetros que definem a interface, existindo ainda um grau de liberdade. Só usando a informação existente na segunda câmara se torna possivel obter a localização e orientação da interface.

Figura: Representação gráfica de possíveis pontos de transição de meio. Como representado, em cada um destes pontos o plano tangente ao interface terá uma orientação diferente.
\begin{figure}\center
\input{estimacao_interface1.pstex_t}\end{figure}

A lei de Snell pode ser escrita em formato vectorial como ilustra a figura 4.2.2 [8]

Figura: Lei de Snell a 3 dimensões. Note-se que a lei de snell para 2D é valida se se considerar apenas o plano sombreado.
\begin{figure}\center
\input{snell_3d.pstex_t}\end{figure}

k1($\displaystyle \hat{{v}}_{1}^{}$ x $\displaystyle \hat{{u}}$) = k2($\displaystyle \hat{{v}}_{2}^{}$ x $\displaystyle \hat{{u}}$)

onde $ \hat{{v}}_{i}^{}$ designa a direcção do raio de luz no ambiente i, e $ \hat{{u}}$ designa a normal à interface. Note-se que para a equação ser válida, os $ \hat{{v}}_{i}^{}$ têm necessariamente que ter norma igual (em particular, força-se que a norma seja unitária), enquanto que a norma de $ \hat{{u}}$ não é importante, perdendo o atributo de versor e passando a ser designado por u. Expandindo o produto externo:
$\displaystyle \hat{{v}}_{i}^{}$ x u = $\displaystyle \begin{vmatrix}
\mathbf{\hat{e}_x} & \mathbf{\hat{e}_y} & \mathbf{\hat{e}_z}\\
v_i^x & v_i^y & v_i^z\\
u^x & u^y & u^z
\end{vmatrix}$  
  = $\displaystyle \left(\vphantom{v_i^y u^z-v_i^z u^y}\right.$viyuz - vizuy$\displaystyle \left.\vphantom{v_i^y u^z-v_i^z u^y}\right)$$\displaystyle \hat{{e}}_{x}^{}$ + $\displaystyle \left(\vphantom{v_i^z u^x-v_i^x u^z}\right.$vizux - vixuz$\displaystyle \left.\vphantom{v_i^z u^x-v_i^x u^z}\right)$$\displaystyle \hat{{e}}_{y}^{}$ + $\displaystyle \left(\vphantom{v_i^x u^y-v_i^y u^x}\right.$vixuy - viyux$\displaystyle \left.\vphantom{v_i^x u^y-v_i^y u^x}\right)$$\displaystyle \hat{{e}}_{z}^{}$  

onde $ \hat{{e}}_{i}^{}$, i $ \in$ {x, y, z}, designam os versores de base. Portanto, a lei de Snell impõe:

k1$\displaystyle \left(\vphantom{v_1^y u^z-v_1^z u^y}\right.$v1yuz - v1zuy$\displaystyle \left.\vphantom{v_1^y u^z-v_1^z u^y}\right)$ = k2$\displaystyle \left(\vphantom{v_2^y u^z-v_2^z u^y}\right.$v2yuz - v2zuy$\displaystyle \left.\vphantom{v_2^y u^z-v_2^z u^y}\right)$    
k1$\displaystyle \left(\vphantom{v_1^z u^x-v_1^x u^z}\right.$v1zux - v1xuz$\displaystyle \left.\vphantom{v_1^z u^x-v_1^x u^z}\right)$ = k2$\displaystyle \left(\vphantom{v_2^z u^x-v_2^x u^z}\right.$v2zux - v2xuz$\displaystyle \left.\vphantom{v_2^z u^x-v_2^x u^z}\right)$ (4.2.1)
k1$\displaystyle \left(\vphantom{v_1^x u^y-v_1^y u^x}\right.$v1xuy - v1yux$\displaystyle \left.\vphantom{v_1^x u^y-v_1^y u^x}\right)$ = k2$\displaystyle \left(\vphantom{v_2^x u^y-v_2^y u^x}\right.$v2xuy - v2yux$\displaystyle \left.\vphantom{v_2^x u^y-v_2^y u^x}\right)$    

Repare-se que as equações 4.1.3 a 4.1.5 poderiam ter sido obtidas daqui, fazendo u = $ \left[\vphantom{\begin{array}{ccccccc}0 & 0 & 1\end{array}}\right.$$ \begin{array}{ccccccc}0 & 0 & 1\end{array}$$ \left.\vphantom{\begin{array}{ccccccc}0 & 0 & 1\end{array}}\right]^{T}_{}$ e forçando $ \Vert$v2$ \Vert$ = 1. Tomando
ix = k1v1x - k2v2x (4.2.2)
iy = k1v1y - k2v2y (4.2.3)
iz = k1v1z - k2v2z (4.2.4)

pode-se reescrever 4.2.1 como
iyuz = izuy  
izux = ixuz  
ixuy = iyux  

Como se afirma que a norma de u não é importante, o sistema anterior é sub-especificado, sendo a solução dada à parte de um factor de escala. Uma solução possível é então:

ux = ix    
uy = iy (4.2.5)
uz = iz    

Infelizmente $ \hat{{v}}_{2}^{}$ não é conhecido à partida. Porém, se se admitir que se conhece o ambiente submerso e que se tem o problema do emparelhamento resolvido, conhecem-se p1 (centro de projecção da câmara no ambiente 1), p2 (dado pela reconstrução do ambiente 2) e $ \hat{{v}}_{1}^{}$ (direcção tomada por um raio de luz para ir de p1 a p2 sofrendo a acção da interface), pode-se tentar resolver o problema por duas abordagens distintas. A primeira é semelhante a uma transformada de Hough enquanto que a segunda consiste em fixar duas coordenadas (x e y) e variar z até se ter uma solução consistente.



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Ricardo 2004-11-06