POEMA DE NATAL Eu devia abandonar todo aquele queixume. Mas, olhando p'ra trás, vejo que me acompanham sulcos deixados. Caminho de passos enterrados nesta brancura de dezembro. Os galhos secos congelam, cristalizando, as gotas d'água, ornamentando-as para a chegada do Natal. Sulcando mais e mais a neve, meus passos seguem no rumo de lojas já cintilantes. Predominantemente o vermelho, o verde e o prateado adornam os regalos que meus pés caminham para buscar. E as músicas que cantaram tantos Natais elevam, como uma magia, nós os magos, ao espirito natalino. E eu devia enterrar todos aqueles pensamentos naquele caminho de passos enterrados naquela brancura de dezembro. Mas como, se aquele seria o caminho de volta de Joãozinho e Mariazinha? E será sempre o caminho sem ida e sem volta dos Joõezinhos e Mariazinhas que nunca souberam do caminho da Estrela que lhes trouxesse os Reis Magos e seus presentes. E eu devia abandonar todos esses pensamentos naquele caminho de passos enterrados nesta brancura de dezembro. Marlene Andrade Martins, Bloomington, Dezembro de 1995