REQUIEM POR UM CHOUPO Era uma cidade com aromas de viajem, Aquela onde um dia fui criança, Esta noite estrangularam outra árvore habituada A ver-me passar, e ninguém se importou com o assunto. E eu que varri muitas folhas derramadas dessa farta cabeleira num Outono já distante estremeci com o ruído seco do velho choupo a morrer. Aconselharam-me a ficar calado: Não há tempo para escutar canções de melros entre ramagens. Mas sou teimoso! Ridículo é aceitar que o alcatrão vença e os anestesiados se dirijam cada vez mais velozes para a sua verdade infeliz! Então peguei no meu caderno de emoções e escrevi com uma lágrima de raiva: Quando a cidade não ama As suas árvores, que medalha deverá um Poeta pôr no peito dos que a governam? Luís Filipe Maçarico, in "A Essência" Enviado para a pt-net por Francisco Raposo (fraposo@telepac.pt)