Fado de contas Eu não quero chegar em casa nunca, a caminho, no abrigo do teu colo, sonhando... no balanço do automóvel, que nos leva a um destino inalcançável. O tempo pára, o espaço cristaliza-se, e o carro é lar, e leito, e colo, e beijo... No ocaso de teu beijo, eu me infinito e esqueço da procura em que me perco. De encontro aos vidros, saltam fachos vários, como se objetos de desejos vastos, onde meus gestos não se satisfaçam. Aproxima-se o instante em que me apeio, vai a carruagem, dobra a esquina, e sigo noctívago das horas --- a teus passos. Luís António Cajazeira Ramos