Meu corpo, que mais receias? -Meu corpo, que mais receias? -Receio quem não escolhi. -Na treva que as mãos repelem os corpos crescem trementes. Ao toque leve e ligeiro O corpo torna-se inteiro, Todos os outros ausentes. Os olhos no vago Das luzes brandas e alheias; Joelhos, dentes e dedos Se cravam por sobre os medos... Meu corpo, que mais receias? -Receio quem não escolhi, quem pela escolha afastei. De longe, os corpos que vi Me lembram quantos perdi Por este outro que terei. Jorge de Sena