Amor é um arder que se não sente Amor é um arder que se não sente; É febre, que no peito faz secura; É febre, que no peito faz secura; É mal, que as forças tira de repente. É fogo, que consome ocultamente; É dor, que mortifica a Criatura; É ânsia, a mais cruel e a mais impura; É frágua, que devora o fogo ardente. É um triste penar entre lamentos; É um não acabar sempre penando; É um andar metido em mil tormentos. É suspiros lançar de quando em quando; É quem me causa eternos sentimentos. É quem me mata e vida me está dando. Paulino António Cabral de Vasconselos