Adoração Vi o teu rosto lindo, Esse rosto sem par; Contemplei-o de longe mudo e quedo, Como quem volta de áspero degredo E vê ao ar subindo O fumo do seu lar! Vi esse olhar tocante, De um fluido sem igual; Suave como lâmpada sagrada, Benvindo como a luz da madrugada Que rompe ao navegante Depois do temporal! Vi esse corpo de ave, Que parece que vai Levado como o Sol ou como a Lua Sem encontrar beleza igual à sua; Majestoso e suave, Que surpreende e atrai! Atrai e não me atrevo A contemplá-lo bem; Porque espalha o teu rosto uma luz santa, Uma luz que me prende e que me encanta Naquele santo enlevo De um filho em sua mãe! Tremo apenas pressinto A tua aparição, E se me aproximasse mais, bastava Pôr os olhos nos teus, ajoelhava! Não é amor que eu sinto, É uma adoração! Que as asas providentes De anjo tutelar Te abriguem sempre à sua sombra pura! A mim basta-me só esta ventura De ver que me consentes Olhar de longe... olhar! João de Deus