Viagens Já vai alta a noite, vejo o negro do céu, deitado na areia, o teu corpo e o meu. Viajo com as mãos por entre as montanhas e os rios, e sinto nos meus lábios os teus doces e frios. E voas sobre o mar, com as asas que eu te dou, e dizes-me a cantar: "É assim que eu sou". Olhar para ti e ver o que eu vejo, olhar-te nos olhos com olhares de desejo. Olhar para ti e ver o que eu vejo, olhar-te nos olhos com olhares de desejo. Eu não tenho nada mais p'ra te dar, esta vida sao dois dias, e um é para acordar, das historias de encantar, das historias de encantar. Viagens que se perdem no tempo, viagens sem princípio nem fim, beijos entregues ao vento, e amor em mares de cetim. Gestos que riscam o ar, e olhares que trazem solidão, pedras e praias e o céu a bailar, e os corpos que fogem do chão. Pedro Abrunhosa, in Viagens